quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Uma peripécia nada engraçada!


É! Já faz um tempo que não escrevia aqui. O que não faz muita diferença, já que ninguém ler mesmo.
Mas, aqui estou eu. Não sei até quando, mas pelo menos hoje vou relatar algo que me ocorreu por estes dias.

Quem é meu amigo no facebook pôde observar que nesses últimos dias postei algo relacionado ao péssimo atendimento do cartório de registro de imóveis da minha querida comarca de Bayeux.

Pois é. Durante os longos minutos de espera vi uma cena digamos... um tanto quanto esdrúxula.

Uma senhora de 66 anos – eu sei a idade dela porque ela berrou para todos ouvirem – se dirigiu até a escrivã do cartório relatando o seguinte fato: sua sobrinha havia trabalhado para uma determinada família durante 10 anos. Agora, ao que parece, sua patroa havia falecido e só o patrão ainda estava vivo: um senhor de 90 anos. Agora, pelo que entendi, a sobrinha da senhora de 66 anos estava querendo “os seus direitos”.

Pára (sim, faço questão de usar o acento diferencial!) aqui: Consultoria jurídica dada por escrivã do cartório de registro de imóveis?! Lembrei logo daquelas tirinhas da internet que diz: Você não está fazendo isso certo!

Primeira observação que tenho a fazer é: como o direito está distante dos mais pobres! Provavelmente, esta senhora de 66 anos imagina que a ‘dona do cartório’ sabe e pode resolver todos os problemas relacionados ao Direito.

Quando me deparo com situações assim fico imaginando o que deve acontecer com essas pessoas quando ‘caem’ nas mãos de pessoas mal intencionadas.

Pois bem. Após relato o fato, a escrivã, por sua vez, deu sua ‘consultoria jurídica’ a pobre senhora de 66 anos de idade. Querem saber qual foi o conselho (sim, foi um conselho e não uma consultoria)? Lá vai:
Escrivã:  - Por que a senhora ou sua sobrinha não casa com este velho?

Senhora de 66 anos de idade: - Não! Eu não gosto dele e nem quero dividir mais meu travesseiro com ninguém!

Escrivã: Mas, a senhora não precisa “furunfufar” até porque ele não faz mais nada. É só pra receber a pensão mesmo!

Meu Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaai! Gente! PÁRA O TUDO! PÁRA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!

Primeiro: O que custava a escrivã, que é anos-luz mais esclarecida do que a senhora de 66 anos ter dito: “Olhe, procure um advogado. Caso a senhora não tenha condições de pagar um, procure a defensoria pública. Lá, eles irão lhe dar uma orientação.”?

Isso seria apenas uma questão de cidadania e solidariedade. Estaria mostrando a alguém mais necessitado o lugar correto para buscar seus direitos naquela situação específica.

O pior de tudo foi dar este terrível conselho! Gente, isso não de faz! Expôs a pobre senhora ao vexame, pois todos que estavam no cartório riram e ela saiu de lá sem uma resposta correta e ainda mais envergonhada, humilhada.

Confesso: me senti a pior das pessoas! Por quê?! Porque eu não fiz nada! Assisti a cena como se aquilo fosse normal. Não! Não era normal! Eu deveria ter oferecido ajuda, ou pelo menos criticado. Mas, não! Calada estava, calada fiquei! Não sei se por ainda ser uma jovem advogada ou se foi porque a apatia pós-moderna já atingiu meu coração.

No escritório, parei e refleti: É! Eu falhei por omissão!

Não sei se é a melhor atitude a se tomar, só sei que decidi não mais agir assim. Se isto vai me fazer ser uma advogada melhor? Não, provavelmente não. Infelizmente o conceito de ser o melhor advogado está muito longe dos meus padrões morais e éticos. Contudo, com certeza me fará ser uma pessoa melhor.


Você não sabe de quem é aquele carro!


Hoje pela manhã fui a um laboratório colher sangue (muito sangue, diga-se por sinal) para realizar alguns exames determinados por minha reumatologista.

Como ontem eu esqueci que hoje faria esses benditos exames, acabei comendo até mais tarde. Logo, só pude retirar o sangue após as 10h da manhã.

Por sorte ou azar, ainda não consegui distinguir do que se trata, cheguei quase 1h antes no laboratório. Logo fui atendida e em virtude do meu ‘esquecimento’ a funcionária pediu para que esperasse até as 10h para só depois seguir até a sala onde se retira o sangue.

Sentei naquelas cadeiras de espera e peguei uma revista. Comecei a ler uma entrevista com Lars von Trier. A história dele ao mesmo tempo em que me comovia, prendia-me a atenção.

Quando já estava no final da entrevista nas páginas amarelas da VOCÊ S.A, minha visão periférica denuncia uma pessoa entrando abruptamente no salão do laboratório.

Aquela cena me fixou o olhar. Observo que aquele homem que entrou apressado, na verdade estava irritado. Logo atrás dele observo um outro rapaz vestido com a farda do laboratório com algo que não consegui identificar nas mãos. Este também não estava muito feliz, porém, se comparado ao rapaz da frente, estava sereno tal qual uma criança em seu sono dos justos.

De repente, ouço o seguinte diálogo:

Rapaz irritado: “Não havia lugar para estacionar, estava tudo cheio. Aí, coloquei aí mesmo!”

Rapaz com a farda do laboratório: “Mas, é garagem, moço. O senhor não poderia estacionar aí!”

Rapaz irritado: “Não poderia? Deixe seu carro aí para você ver! Você não sabe de quem é este carro! Você não sabe de quem é este carro!

Quando olho para fora do laboratório através dos vidros, percebo que existe um carro, uma caminhote, que não consegui identificar modelo e marca, mas que era muito bonita e pomposa, estacionada em frente ao portão da garagem do laboratório e, logo atrás, havia um Fiat Uno branco com o logotipo do laboratório na porta.

Vejo que o rapaz irritado senta no guichê de uma das atendentes e aguarda o resultado de algum exame e a cada segundo olha para fora em direção ao seu carro. Neste instante vejo que o rapaz com a farda do laboratório dá ré no Fiat Uno.

Após receber o exame, o rapaz irritado permanece alguns segundos sentado na cadeira. Levanta-se, vai em direção ao bebedouro e va-ga-ro-sa-men-te bebe água.

Após beber a água, o rapaz irritado sai a passos lentos, entra no seu carro luxuoso e sai em uma ‘arrancada’. O barulho que ele fez parecia de um avião prestes a voar. Deu medo.

Após assistir toda a cena, começo a refletir: De quem seria aquele carro?

O primeiro pensamento que me veio a mente é que aquele carro seria de uma alta autoridade pública que, infelizmente, ainda tem o hábito de ‘dar carteirada’ e deve ter passado a mesma mania ao filho, sobrinho, serviçal, sei lá o que o rapaz irritado era.

Depois pensei que o carro poderia ser do próprio rapaz irritado que, por um blefe, quis intimidar o rapaz com a farda do laboratório.

Aí, foi que passou pela minha cabeça a idéia de que poderia ser o próprio rapaz irritado uma alta autoridade pública. “Poxa! Se for isso, ‘é este o país que quer sediar a Copa’”? – Pensei eu.

Voltei a ler minha revista. Não conseguia mais ler uma linha sequer. Aquela cena me estarreceu: Será que o fato de ser uma autoridade pública faz do ser maior do que uma lei emanada pelo Poder Legislativo devidamente legitimado pelo povo? Será que deter um título ou estar em um cargo de autoridade pública faz com que o indivíduo, seus filhos, primos, amigos, vizinhos, tios do primo do neto da vizinha da mãe ou até serviçais se tornem imunes aos ditames das normas?

É! Após um período refletindo acabei chegando a uma conclusão: na verdade, aquele carro era de uma pessoa muito mal educada e pobre de espírito!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Reflexões não-jurídicas: eu quero uma lata de lixo!



         Então, o blog é para falar sobre as peripécias de uma jovem advogada, desta jovem advogada que vos escreve. Acontece que hoje vivenciei uma situação que além de me deixar com uma baita dor muscular, deixou-me um pouco revoltada.

         Pois bem. Quem mora em Bayeux sabe que aqui só temos uma “grande” avenida. Acho que a única rua movimentada de minha cidade. Como todos sabem, se não sabem ficarão sabendo agora, meu escritório fica nesta avenida. É um lugar desorganizado – não meu escritório, a avenida – como quase toda a cidade.

         Próximo ao meu escritório fica uma pequena assistência técnica onde eu compro e reciclo os cartuchos da minha impressora. Eu havia feito o pedido de um novo cartucho, estava demorando, resolvi caminhar até a assistência e saber o que estava acontecendo.

         Estava eu mascando um chiclete. Na metade do caminho a goma perdeu o gosto. Decidi jogar fora. Retiro do meu bolso a embalagem da goma, sempre as guardo para que no fim possa embalar a goma mascada e jogar fora. Questão de higiene.

         Acontece que ao olhar ao meu redor eu procuro uma lata de lixo. Procuro nos postes de luz, nas esquinas, onde geralmente colocam aqueles coletores de lixo.

         Ainda com o chiclete na boca, guardo a embalagem na esperança de encontrar alguma lata de lixo durante minha caminhada.

         Nesta altura, o chiclete já havia perdido o gosto e a maciez. Tento não mais mastigá-lo. Mas, minha ansiedade me impede. Continuo a mastigar, não por prazer de sentir o gosto da goma, mas por ansiedade. Se torna um exercício difícil. Meu maxilar começa a doer. Se não me engano, acho até que senti alguns estalos. Continuo a olhar a meu redor. Procuro alguma lixeirinha verde, laranja, vermelha, cor-de-rosa com bolinhas pretas, enfim... qualquer que fosse a cor!

         Chego à assistência. Observo o local e vejo que lá também não há nenhuma lixeirinha. Um certo desespero toma conta de minha mente. Começo a mastigar mais rápido. É involuntário, não consigo controlar. Meu maxilar dói ainda mais.

         Resolvo meu problema do cartucho e saio da assistência fazendo o mesmo caminho de volta, ainda na esperança ingênua de encontrar uma simples lata de lixo.

         Algo tão simples, que em Bayeux se torna tão complexo. Eu só queria jogar meu chiclete fora. Nada demais, mas que se torna uma dura tarefa na terra dos...

         É uma reflexão nada jurídica. Ou até pode ser: o direito ao meio ambiente saudável e a obrigação do Poder Público de disponibilizar latas de lixo.

         Bom, se alguém ainda quer saber, consegui jogar o chiclete fora. Após embalá-lo, joguei na lixeirinha do meu escritório.
        

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Olha só isso...


Bom, estou eu aqui no meu quarto, ouvindo Geraldo Azevedo e tentando escrever para um determinado concurso que irei participar, quando, de repente, meu telefone toca. Detalhe: são 22h30min. Telefone desconhecido. Parece que o toque do celular muda repentinamente para “perigo, perigo!”

Devagar, as mãos trêmulas, o dedo estático aperta o botão verde.

Eu: - Alô!

A pessoa do outro lado: Oi, Dra. DanieLA (Não sou doutora e meu nome é Danielly!). Olha é que eu emprestei meu cartão de crédito a uma amiga minha e a Polícia pegou ela, aí...

Meu dedo, involuntariamente, aperta o botão vermelho do celular. Não sei quem é a pessoa do outro lado. Será que se depois eu a encontrar a desculpa do celular descarregado ‘cola’? Espero que sim.

Ai ai, é difícil, mas dá para ser feliz sendo advogada e pior: advogando em comarca pequena! rsrs

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A primeira vez a gente nunca esquece

Eita povinho da mente suja! A primeira vez que eu vou falar na verdade não é nem a ‘primeira vez’, são as primeiras vezes. São as primeiras vezes do jovem advogado. A primeira audiência, a primeira carga, a primeira causa ganha, a primeira causa perdida...
Pois é. Quando decidi ser minha própria chefa eu já tinha o costume de fazer audiências. As fazia quando estagiava, pelo menos as de conciliação. Quanto as de instrução e outras mais, tive a oportunidade de acompanhar o meu chefe em algumas e de ir assistir outras.
Por tais motivos pensei eu: Ah! Quando eu começar fazer as MINHAS SOZINHA vai ser moleza. Cara! Nunca pensei que eu me enganaria tão bem. Dizem que advogado engana as pessoas (o que é uma verdadeira falácia – uma verdadeira falácia e não uma falácia verdadeira, ok?) e neste momento senti na pele o que isto quer dizer.
Lembro-me que quando marcou minha primeira audiência fiquei super feliz! Achei o máximo. Ocorre que no caminho do fórum, tudo começou a mudar. Deu frio, calafrio, dor de barriga, taquicardia, medo, vontade de desistir, de chorar e gritar: EU QUERO A MINHA MÃE! Mesmo assim, consegui sobreviver. Chegando lá, eu não me olhei no espelho, mas acho que quem olhava para mim pensava que eu estava de luto. E de fato estava, eu acho. Quando ocorreu o pregão, “fulaninho de tal x sicraninho”, eu tremia que nem vara verde.
Este caso era de um amigo do meu tio. Este senhor tem o sugestivo apelido ‘Bola’. Eu só vim descobrir o verdadeiro nome dele quando tive que fazer a petição do seu processo. Mas, quem disse que eu lembrava o nome dele? Naquela hora só lembrava que ele era o bom e velho ‘Bola’. E aconteceu exatamente isto que você está pensando. Durante a audiência eu o chamei o tempo inteiro de “Seu Bola”. Hahahahaha. Pior era ver o sorrisinho do advogado da outra parte de da juíza e eu sem entender o porquê. Foi triste, me senti as piores das pessoas. Hoje percebo que não foi tão ruim assim, do contrário eu não teria assunto para postar aqui.
Eu acho que a primeira audiência é a primeira vez mais emblemática do jovem advogado. De repente dá uma crise de ‘gagueira’ na gente que eu vou te contar, viu? Você não sabe onde colocar as mãos, os pés não param e parece que tudo que você aprendeu não vale de nada ali.
Mas, sabe a melhor parte disto tudo? É quando você vai a uma audiência como se estivesse indo tomar um shop (no meu caso um suco de goiaba) em um bar. É sério! Com o tempo se torna tudo tão natural. E nem precisa de muito tempo para você se acostumar. Pelo menos para os advogados vocacionados, esse ‘costume’ chega logo, logo. Hoje fiquei boa da minha gagueira motivada pela audiência. Bom, naturalmente eu já sou meio gaga, mas nada demais, só um charminho. Apesar de ter menos de 01 ano advogando, posso dizer que já fiz muitas audiências e hoje fico extremamente relex neste ato processual.
Existem outras primeiras vezes. A primeira peça, por exemplo. Apesar de eu sempre ter estagiado em escritórios de advocacia e, modéstia a parte, sempre terem elogiado minhas peças, lembro-me da primeira petição que fiz. Redigi e apaguei uma 300 (trezentas) vezes. E olhe que era um caso até simples. Meu cliente tinha um bom direito. Mas, eu queria atingir a PERFEIÇÃO, como se fosse possível, né? Pois então. Depois de muita luta, terminei. Imprimi as três vias e segui ao fórum.
Ao chegar no balcão do fórum ansiosíssima para distribuir minha primeira petição a servidora folheia vagarosamente enquanto no meu rosto eu estampo um sorriso de “caramba! Eu fiz um bom trabalho!”. De repente ela fala: A advogada esqueceu de assinar. Putz! Como eu poderia ter feito isto?! É que eu era tão acostumada a fazer peças e não assiná-las (coisas de estagiário) que acabei esquecendo este pequeno detalhe.
Então eu fiz cara de “Nossa! Estou com tanta trabalho que estou esquecendo os detalhes” e disse: “Ah! Deixa eu assinar”. Gente! Esta mulher olhou para mim com uma cara de “como é que é?!!!” e disse: “Você é a advogada”. Eu: “Sim, sou”! Ela: Nossa! “A senhora me desculpe, mas eu pensei que a senhora fosse estagiária e tivesse no mínimo uns 18 anos.” Eu: Oh! Coisa boa! Muito obrigada!”
Bom, qual mulher não fica feliz em parecer mais nova, né?! Porém, naquele momento eu nem pensei na parte boa, pensei logo: “putz! Já era credibilidade.”
Tem outras primeiras vezes do jovem advogado. Deixarei para comentar em outro momento. Por enquanto é só isso.
E nunca esqueça: mesmo que seja um advogado, é possível ser feliz e dormir com a consciência tranqüila!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Vidinha boa aperreada

Advogar, estudar e ainda dar aulas é coisa para louco.

Começo a concordar com algumas pessoas que dizem que eu não giro bem do juízo.

Pena que essa falta de tempo me obrigue a abandonar meu blogzinho, tão novinho e essa 'mãe' desnaturada já o abandona. Trágico!

Bom, eu acho que estou precisando urgentemente de um estagiário.

Meu sonho é ter um estagiário, vingar-me de tudo que fizeram comigo quando ocupei este cargo.

 - Mas, Doutor... eu não CONSIGO estar em duas audiências no mesmo horário e no fim ainda fazer cargas de 30 processos cada um com 4 volumes.

- Ah, minha filha! Quem quer "crescer na vida" tem que se sacrificar, correr atrás. O mundo não está fácil.

Era ruim, mas foi bom! =D

Bom, acho que eu estou precisando de estagiário. De preferência um bonito, alto, forte, inteligente, educado, cavalheiro. Nem precisa ser tão bonito, ter semelhanças físicas com

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A culpa é do advogado!

Bem rapidinho, hoje quero externar uma indignação.
TODO MUNDO sabe que o Poder Judiciário de nosso país não é lá um dos mais céleres.
Confesso que tenho me surpreendido com a celeridade de algumas varas. Aqui em Bayeux mesmo tem uma Vara que é exemplar. Em JP, o 1º Juizado é de dar gosto. Porém,  não me pergunte por que, algumas varas e comarcas demoram séculos  para concretizar simples atos (depois falarei sobre isto). Vamos dar a César o que é de César.
De fato,  algumas ações, em virtude da complexidade do direito em questão, por si só já são demoradas. Confesso que outras vezes, principalmente em demandas que envolvem vultuosas cifras, os advogados exageram nos recursos, embargam até se o juiz esqueceu de colocar o ponto final na sentença.
Mas, gente! É sério! Não quero esgotar aqui os motivos que levam nosso Judiciário ser lento. Não sei se é em virtude da lei, se é pela má vontade de servidores e juízes, se é pela falta de equipamentos, enfim, nunca quis e nem me interesso em estudar a temática, só sei o que todo mundo sabe: A Justiça é lenta!
Acontece que 99% das pessoas que tenho atendido me perguntam: E aí ‘dotôra’ quando acaba?! Bom, acho que já disse em outra oportunidade que não sou vidente. Pois então, não dá pra precisar a data e hora certa que o juiz sentenciará. O que dá, e isto eu faço, é saber, levando em consideração o tipo da demanda e a dinâmica da Vara em que ‘caiu’ o processo, uma média de quando, possivelmente, pode ocorrer a sentença. Nesta ‘média’, não são levadas em consideração aspectos como férias do magistrado e coisas semelhantes. Ou seja, é só uma média, obtida pura e simplesmente pela práxis, que não base em nenhum argumento científico e que pode não ocorrer da forma prevista.
Tenho percebido que os leigos acham que advogado bom é aquele que ‘termina logo o processo’. Sinceramente, acredito que esta visão se dá pelo fato de alguns profissionais ‘esconderem’ as verdadeiras informações aos clientes. Por exemplo, outro dia fiz um excelente acordo em um processo. Em virtude do acordo o processo não passou pela fase instrutória etc e tal. Desta maneira, ‘a grana’ saiu logo. Daí, esse cliente, super-hiper-mega satisfeito, indicou meu nome para outra pessoa que tinha um caso semelhante ao dele. Qual não foi minha surpresa quando esta segunda pessoa me ligou e disse: “’Dotôra, quero que a senhora pegue minha causa porque ‘seu fulaninho’ disse que a senhora acaba logo com o processo.”
Putz! É sério! Pense em uma confusão para explicar a ela que no caso dele houve um acordo e no dela, poderia não ocorrer.
Sabe o que é? É que as pessoas acham que tudo é culpa do advogado. É sério! A culpa da fome do mundo?! É do meu advogado que não me liga (as pessoas querem que o advogado as liguem todos os dias. Pergunto eu: pra quê?) A culpa da guerra do Iraque?! É do advogado que não faz meu processo andar. A culpa pela proliferação da AIDS?! É do advogado que me cobrou para fazer um papel.
Gente, eu morro de explicar que a atividade da advocacia é uma ATIVIDADE DE MEIO. O Advogado, como dito várias vezes, tem a obrigação de ser zeloso e diligente, mas ele não pode e nem deve garantir o resultado. Fala sério!
Bom, tenho mais coisas para falar sobre o assunto, mas estou de saída do escritório. Hoje foi um dia bem produtivo. Gosto de dias assim! Quem não gosta, né?!
Vou-me indo comer, descansar e depois  ESTUDAR.
Nunca esqueça: mesmo que você seja um advogado, é possível ser feliz!

sábado, 7 de maio de 2011

Advogado: Essencial a Justiça ou vidente?

Hoje estou feliz! HONORÁRIOS é uma palavra que traz muitas felicidades ao advogado!
Mas, enfim. Não vou me prolongar muito, só vou relatar um caso engraçado que aconteceu comigo.
Uma senhora marca uma consulta. Ok! Agendo e no dia e hora marcado, aguardo-a.
- Bom dia, Dona fulaninha! Conte-me em que posso ajudá-la!
- “Dôtora”, sabe o que é? É que eu queria saber como faço para saber se meu marido vendeu uns terrenos  que tenho.
- Ok! A senhora vai até o cartório de imóveis da localidade e pede uma certidão de inteiro teor.
- Mas, “dôtora”, e se ele vendeu “de boca”, tem como a senhora ver pra mim?!
Ei, sério! Nesta hora eu pensei em dizer: Minha senhora, a senhora tá vendo aqui na minha mesa uma bola de cristal, cartas, borra de café, búzios e ‘numseimaisoque’?!
Bom, pacientemente eu expliquei da anulabilidade do negócio caso ocorresse sem o consentimento dela, enfim...
É fogo,viu?! Haja paciência! Como se não bastasse, no final ainda pergunta se tem que pagar a consulta. CLAAAAAAARO que tem que pagar a consulta, oras! Quase dizia: “A senhora tomou metade da minha manhã falando de seus problemas pessoais e ainda quer ir embora sem pagar?”.
Bom, acontece, né?! Vivendo e aprendendo, advogando e se tornando cada vez mais advogada!
Nunca esqueça: mesmo que você seja uma jovem advogada, é possível SER FELIZ! =D

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Como cobrar: Uma dúvida constante na vida do jovem advogado.

                Então, parece brincadeira, mas acredito que não sou a única jovem advogada que fica entre a cruz e a espada quando chega a hora de cobrar.
                Para quem não sabe, a OAB tem uma tabela de preços mínimos que temos por obrigação ética cobrar pelo menos o que ela prevê. Claro,  no momento de cobrar temos que verificar diversos fatores, tais como a complexidade da causa, poder aquisitivo do cliente etc e tal.
                Ocorre que É SEMPRE DIFÍCIL. Sempre, sempre mesmo! Principalmente quando espalharam por aí essa cultura abominável de que advogado só ganha ($) se no final da demanda sair algum dinheiro. Ou seja, “todo mundo” acha que o advogado é obrigado a SEMPRE estabelecer um contrato de risco.
                Imagina se o médico só cobrasse no final do tratamento, caso o paciente ficasse curado.  Imagina se o padeiro só cobrasse depois que você dissesse se gostou ou não do pão.  Todo mundo pode cobrar pelo seu trabalho sem ser xingado de ladrão, mas o advogado quando diz “é tanto” parece que tá espancando alguém ou lhe surrupiando a carteira.
                Bom, para quem não sabe, um processo demanda muuuuuuito trabalho. São petições, observação rigorosa de prazos, audiências. Idas e vindas ao fórum. Diligências. PACIÊNCIA perdida quando o cliente liga querendo saber do processo e reclamando porque não ligamos para ele para avisar que o processo “tá na mão do juiz, saiu da mão do juiz”. É sério! Se houve recurso, se o juiz pediu alguma informação, etc o cliente não pode fazer absolutamente nada, se for necessário, o advogado procurará o cliente. Uma coisa é certa: Quando necessário, o advogado procurará o cliente. NÃO, não esquecemos, ou pelo menos eu não esqueço de um processo, apenas é humanamente impossível lembrar de todos. Quando precisa-se lembrar de algum, uma coisinha chamada diário de justiça, o jornalzinho que leio todos os dias, me avisa. Ok?!
                Enfim, são meses de duro trabalho que PRECISA ser remunerado,ok?! Ou vai dizer que você trabalha de graça?! Se sim, me passa seu contato,  quando eu precisar já sei quem procurar! O que quero dizer com isto?! Gente, nem sempre o advogado ‘só recebe a grana quando ganha’. Isso é mentira! É coisa do anjo mau inimigo dos advogados! Não caiam nessa!
                Outro dia, em uma ação de exoneração de alimentos, o papai me perguntou: ’Dotôra’, lhe pago quando a gente ganhar, né?! Eu, prontamente, respondi: Não! O senhor me paga agora, ou posso lhe dar um prazo de até 15 dias, caso o senhor não tenho os valores agora. É fogo, viu?! Deu vontade de jogar ele pela janela do escritório e perguntar depois de foi bom para ele. SACO!
                Olha, as vezes é possível e até vantajoso estabelecer um contrato de risco.  Contudo, porém, todavia, as pessoas têm de entender que a atividade da advocacia é uma atividade de MEEEEEEEIO. “O que é isso ‘dôtora’?” Gente, o advogado é obrigado a ser o mais diligente e zeloso possível quando estiver atuando em uma causa (sim, eu me desvisto da modéstia para dizer que isto eu sou...rsrs), mas, JAMAIS, NUNCA vamos poder garantir o resultado.
                De fato, é possível, em algumas demandas, observando o posicionamento dos tribunais, a ‘qualidade do direito’ do cliente, prevê um resultado. Mas, essa historinha de ‘causa ganha’ é balela. Não acredito nisso. Acredito em um bom direito e na grande possibilidade de êxito.
                Então. Eu tenho me baseado muito pela tabela da OAB, mas, devo confessar que as vezes fico na dúvida. Tenho medo de cobrar demais. Mas, sabe o que é pior?! Descobri recentemente que cobro de menos. Isso pode?! Fiquei REVOLTADÍSSIMA! Não! Eu não menosprezo nem desvalorizo o trabalho do advogado. Eu sei exatamente o quanto é trabalhoso ser advogado e a nobreza de nossa profissão. É que, por pura falta de experiência, confesso que até mesmo por um sentimento de pena, dó, compaixão, ‘seiláoque’, eu NÃO ‘queria explorar’. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que EU ESTAVA SENDO EXPLORADA?! Geeeeeente! É sério! Rsrs
                Bom, mas é isso aí. Acontece! Vivendo e aprendendo. Advogando e se tornando cada vez mais advogada.
                E nunca esqueça: Mesmo que você seja advogado, é possível ser feliz!