sábado, 25 de fevereiro de 2012

Falando Sério. Mas, nem tanto



        Bom gente, hoje decidi iniciar uma nova coluna aqui no meu blog. Mesmo que quase ninguém leia, achei por bem de esporadicamente falar sobre assuntos sérios. Por isso denominarei esta coluna de “Falando Sério.” Como hoje é o início e eu precisava dizer que quase ninguém ler isto aqui e que eu serei a única autora da nova coluna, e isto é por falta de opção mesmo, tive que complementar o título com uma coordenativa adversativa (espero que esteja certo! Juro que chutei!) que tira um pouco da seriedade dos temas que pretendo tratar aqui.



Confesso que também não sei se vou conseguir ficar séria ou não ser irônica em todos os textos. Fato que também fundamenta a alocação da “Mas, nem tanto.”

        Pois bem, o primeiro tema que será tratado é sobre o papel do advogado em casos de grande repercussão na mídia.

        O título do texto é “Advogado: vilão ou mocinho”.

        Por uma estratégia de marketing (ui, ela usa estratégia de marketing!) só postarei o texto amanhã, ou depois, ou quando der tempo, oras!

        Desde já, agradeço a quem tiver paciência de ler!
   

A terça-feira de carnaval

Pois é. E as peripécias continuam. E não sou poucas, nem muitas. Diria que são razoáveis.

        As mais engraçadas sempre envolvem clientes meio carentes de noção de tempo, espaço e de noção, literalmente. Se é que vocês me entendem.

        No carnaval, além de ficar doente recebi inúmeras ligações e, NÃO, nenhuma foi para saber se eu estava melhor.

         É... Antes que eu relate o teor jocoso de uma das ligações, preciso relembrar da minha sina quanto às consultas “0800” via fone. Eu ainda não aprendi a desligar o fone sem medo de ser feliz. Temo, não sei o quê e nem o porquê, só sei que temo desligar o telefone. Talvez seja um temor inerente ao jovem advogado em início de carreira. O certo é que tenho este temor.

        Eu até segui o conselho de um amigo já a mais tempo na militância da advocacia, e me presenteei com mais dois celulares, destinando apenas um para o trabalho. Porém, mesmo assim, o fato é que não consigo desligar o celular do trabalho.

        Voltando a ligação que pretendo relatar para vocês...

        Pois bem. O cenário era o meu quarto. Era aproximadamente 23h da noite, ou um pouco mais. Minha garganta arranhava e minhas narinas de nada serviam para meu aparelho respiratório. Meus olhos ardiam em chamas. Apesar deste último sintoma, estava me deleitando com minha leitura não jurídica. Estava frio, não sei com precisão se era o clima que estava frio ou se era eu que estava com frio. O bom disto tudo é que eu gosto do frio.

        De repente, meu telefone vibra. Um número desconhecido aparece no visor. Como era carnaval, não imaginei de que se tratava de um cliente. Mas, com minha curiosidade colossal, não pude deixar de atender. Para ser sincera, posso colocar nela, na minha curiosidade colossal, a culpa pelo fato do meu dedo indicador apertar o botãozinho verde do meu celular.

        Enfim, apertei o dito botão! Antes de eu falar o famoso “alô, boa noite!” um súbito arrependimento pairou sobre mim. Durante os vigésimos de segundos que separaram o ‘levar o cel ao ouvido’ e “alô, boa noite!” pensamentos bombardeavam minha mente.     Por pouco, mas, por muito pouco mesmo não desliguei.

        “Alô, boa noite!” – Inicio a conversa.

        “Boa noite, doutora! Desculpa ligar esta hora!” – Não precisa nem eu dizer que se arrependimento matasse, eu teria morrido neste momento. E se quer saber...NÃO! Eu não desculpei, tá?

        “Nada. Sem problemas!” – Maldita educação! Tinha todos os problemas do mundo! Por que eu fui me furtar da verdade?! Talvez seja por isso que o advogado leva a má fama de mentiroso (No meu caso, posso afirmar que é só por isso mesmo).

        “Olha, a senhora pode me retornar? É que meus bônus estão no fim e eu preciso muito lhe perguntar uma coisa.” – Calma, gente! Não, eu não morri, tá?! Apenas respirei fundo. Agora, imagine vocês respirar fundo quando o teu nariz está tão obstruído quanto o Congresso Nacional está de funcionários fantasmas. Foi difícil.

        “Olhe, eu não estou atendendo esta hora. Me ligue amanhã que podemos marcar uma consulta.” – ‘PERAÍ!’ Eu que não sou médica e nem policial, preciso mesmo dizer que não estou trabalhando às 23h da terça-feira de carnaval?

        “Não, fale aqui com minha mãe, ela está muito aperreada!” – Por que não ligou para o “Fala que eu te escuto”,hein? Detalhe: Não tive nem tempo de dizer e desenhar o NÃO mais uma vez.

        Bom, por motivos de ética, pararei meu relato por aqui. O que a mãe do sujeito me confidenciou de fato ensejará um processo judicial e envolve questão delicada.

        Mas, antes que surja alguma engraçadinho que diga: olha aí! Por isso você deveria mesmo atender ao telefone” quero deixar claro que mesmo sendo uma questão delicada, não era urgente! Poderia, sim, ter esperado para a quarta-feira de cinzas e por uma consulta no escritório, como de fato ocorreu.

        Quando digo que é complicado, tem pessoas que ainda acham que eu exagero. Sou realista, e quem me conhece sabe disto.

        E assim as peripécias continuam.