sexta-feira, 3 de junho de 2011

A primeira vez a gente nunca esquece

Eita povinho da mente suja! A primeira vez que eu vou falar na verdade não é nem a ‘primeira vez’, são as primeiras vezes. São as primeiras vezes do jovem advogado. A primeira audiência, a primeira carga, a primeira causa ganha, a primeira causa perdida...
Pois é. Quando decidi ser minha própria chefa eu já tinha o costume de fazer audiências. As fazia quando estagiava, pelo menos as de conciliação. Quanto as de instrução e outras mais, tive a oportunidade de acompanhar o meu chefe em algumas e de ir assistir outras.
Por tais motivos pensei eu: Ah! Quando eu começar fazer as MINHAS SOZINHA vai ser moleza. Cara! Nunca pensei que eu me enganaria tão bem. Dizem que advogado engana as pessoas (o que é uma verdadeira falácia – uma verdadeira falácia e não uma falácia verdadeira, ok?) e neste momento senti na pele o que isto quer dizer.
Lembro-me que quando marcou minha primeira audiência fiquei super feliz! Achei o máximo. Ocorre que no caminho do fórum, tudo começou a mudar. Deu frio, calafrio, dor de barriga, taquicardia, medo, vontade de desistir, de chorar e gritar: EU QUERO A MINHA MÃE! Mesmo assim, consegui sobreviver. Chegando lá, eu não me olhei no espelho, mas acho que quem olhava para mim pensava que eu estava de luto. E de fato estava, eu acho. Quando ocorreu o pregão, “fulaninho de tal x sicraninho”, eu tremia que nem vara verde.
Este caso era de um amigo do meu tio. Este senhor tem o sugestivo apelido ‘Bola’. Eu só vim descobrir o verdadeiro nome dele quando tive que fazer a petição do seu processo. Mas, quem disse que eu lembrava o nome dele? Naquela hora só lembrava que ele era o bom e velho ‘Bola’. E aconteceu exatamente isto que você está pensando. Durante a audiência eu o chamei o tempo inteiro de “Seu Bola”. Hahahahaha. Pior era ver o sorrisinho do advogado da outra parte de da juíza e eu sem entender o porquê. Foi triste, me senti as piores das pessoas. Hoje percebo que não foi tão ruim assim, do contrário eu não teria assunto para postar aqui.
Eu acho que a primeira audiência é a primeira vez mais emblemática do jovem advogado. De repente dá uma crise de ‘gagueira’ na gente que eu vou te contar, viu? Você não sabe onde colocar as mãos, os pés não param e parece que tudo que você aprendeu não vale de nada ali.
Mas, sabe a melhor parte disto tudo? É quando você vai a uma audiência como se estivesse indo tomar um shop (no meu caso um suco de goiaba) em um bar. É sério! Com o tempo se torna tudo tão natural. E nem precisa de muito tempo para você se acostumar. Pelo menos para os advogados vocacionados, esse ‘costume’ chega logo, logo. Hoje fiquei boa da minha gagueira motivada pela audiência. Bom, naturalmente eu já sou meio gaga, mas nada demais, só um charminho. Apesar de ter menos de 01 ano advogando, posso dizer que já fiz muitas audiências e hoje fico extremamente relex neste ato processual.
Existem outras primeiras vezes. A primeira peça, por exemplo. Apesar de eu sempre ter estagiado em escritórios de advocacia e, modéstia a parte, sempre terem elogiado minhas peças, lembro-me da primeira petição que fiz. Redigi e apaguei uma 300 (trezentas) vezes. E olhe que era um caso até simples. Meu cliente tinha um bom direito. Mas, eu queria atingir a PERFEIÇÃO, como se fosse possível, né? Pois então. Depois de muita luta, terminei. Imprimi as três vias e segui ao fórum.
Ao chegar no balcão do fórum ansiosíssima para distribuir minha primeira petição a servidora folheia vagarosamente enquanto no meu rosto eu estampo um sorriso de “caramba! Eu fiz um bom trabalho!”. De repente ela fala: A advogada esqueceu de assinar. Putz! Como eu poderia ter feito isto?! É que eu era tão acostumada a fazer peças e não assiná-las (coisas de estagiário) que acabei esquecendo este pequeno detalhe.
Então eu fiz cara de “Nossa! Estou com tanta trabalho que estou esquecendo os detalhes” e disse: “Ah! Deixa eu assinar”. Gente! Esta mulher olhou para mim com uma cara de “como é que é?!!!” e disse: “Você é a advogada”. Eu: “Sim, sou”! Ela: Nossa! “A senhora me desculpe, mas eu pensei que a senhora fosse estagiária e tivesse no mínimo uns 18 anos.” Eu: Oh! Coisa boa! Muito obrigada!”
Bom, qual mulher não fica feliz em parecer mais nova, né?! Porém, naquele momento eu nem pensei na parte boa, pensei logo: “putz! Já era credibilidade.”
Tem outras primeiras vezes do jovem advogado. Deixarei para comentar em outro momento. Por enquanto é só isso.
E nunca esqueça: mesmo que seja um advogado, é possível ser feliz e dormir com a consciência tranqüila!

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