sábado, 23 de abril de 2011

Jovem advogado x dinheiro: relação tormentosa

Pois bem, ao som de um forró de plástico que não consigo identificar quem canta (nem me esforço para isto) que minha vizinha faz questão de compartilhar comigo, mesmo sem eu apreciar este tipo de música, decidi escrever sobre uma relação complicada: Jovem advogado x dinheiro.
Quando você se forma “advogado” todo mundo acha que você tá nadando em grana. As pessoas pensam que quando você recebe a OAB um ser celestial protetor dos jovens advogados deposita em tua conta no mínimo uns R$ 1.000.000,00. Acontece que não é bem assim, apesar de eu desejar muito que fosse assim que acontecesse, quando recebemos a OAB ganhamos juntos o 'ius postuland' e mais um credor feroz, que anualmente nos cobram para permitir que trabalhemos.
Hoje em dia os jovens advogados quando se formam, geralmente, optam por seguir dois caminhos: 1) Decidem trabalhar em algum escritório; 2) Montam seu próprio escritório.
Quem decide trabalhar em algum escritório, geralmente tem uma rotina de trabalho que varia entre doze a treze horas diárias, fazem em média 400 audiências por dia e ainda levam trabalho para casa. Você deve estar pensando: Nossa! Então o advogado deve ser muito bem remunerado. PEGADINHA DO MALANDRO! Não! Não são bem remunerados! Ganham pouco e trabalham muito. No final das contas sobra mês no fim do dinheiro.
Já quem monta seu próprio escritório vive uma situação pior. Geralmente, no começo paga para trabalhar. Paga aluguel, energia, telefone, internet, material de escritório, transporte... O pior de tudo é que os clientes acham que no teu quintal emana uma fonte de dinheiro. SÓ PODE! Não querem pagar, fazem cara feia.  P*RR*! Se quer serviço de graça vai procurar a defensoria (“Não, Dra.! O adEvogado público é demora demais), pois eu TENHO inúmeros credores ferozes que não perdoam um dia de inadimplência!
Eu decidi montar meu próprio escritório.  E em menos de 01 ano de exercício da advocacia já me deparei com situações engraçadas.  Deveriam ser relatadas no post “clientes malas”, mas eu vou relatar aqui para vocês terem noção de como os clientes imaginam que mesmo sem eles pagarem o advogado é sempre cheio da grana
Certa vez decidi fazer uma caridade e aceitei atuar em uma causa sem cobrar, fiz apenas um contrato de risco. Acontece que a cliente mora em uma comarca distante da do meu escritório e sempre alugava um carro para trazê-la (porque ela não vinha de ônibus eu não sei). Certo dia, ela trouxe o irmão dela para o atendimento. Após a consulta, a assinatura da papelada etc e tals, o irmão da cliente olha para mim e diz:  - Dotôra, a senhora pode nos ajudar com o pagamento do táxi?!
Sério, cara! Nesse momento deu uma vontade infeliz de jogar aquele homem pela janela do escritório, que fica no primeiro andar, pelo menos para ele quebrar uma perna. Gente! COMO PODE?!Ele queria mesmo que eu pagasse a ele para trabalhar?! ISSO EXISTE?! Respirei fundo e disse: - Senhor ‘fulaninho’, infelizmente não posso pagar para trabalhar. Já estou ‘pegando’ a ação de vocês sem cobrar nada, não posso pagar para fazer isso. O detalhe interessante é que os ditos clientes me ligavam a cobrar e a noite até que um dia me enchi, atendi o telefone e vociferei: MEU SENHOR, PELO AMOR DE DEUS, NÃO ME LIGUE MAIS A COBRAR! Eu não vou lhe atender enquanto não colocar pelo menos R$ 5,00 de crédito no seu celular!
É sério, gente! A relação jovem advogado x dinheiro é tormentosa. O Jovem Advogado vive uma realidade que ninguém acredita. Todo mundo acha que vivemos nadando em rios de dinheiro. Quando na verdade, muitas vezes, vendemos o almoço para comer na janta! Hahaha
Nunca esqueçam: Mesmo que você seja advogado, é possível ser feliz!

Nenhum comentário:

Postar um comentário