É! Já faz um tempo que não escrevia aqui. O que não faz muita diferença, já que ninguém ler mesmo.
Mas, aqui estou eu. Não sei até quando, mas pelo menos hoje vou relatar algo que me ocorreu por estes dias.
Quem é meu amigo no facebook pôde observar que nesses últimos dias postei algo relacionado ao péssimo atendimento do cartório de registro de imóveis da minha querida comarca de Bayeux.
Pois é. Durante os longos minutos de espera vi uma cena digamos... um tanto quanto esdrúxula.
Uma senhora de 66 anos – eu sei a idade dela porque ela berrou para todos ouvirem – se dirigiu até a escrivã do cartório relatando o seguinte fato: sua sobrinha havia trabalhado para uma determinada família durante 10 anos. Agora, ao que parece, sua patroa havia falecido e só o patrão ainda estava vivo: um senhor de 90 anos. Agora, pelo que entendi, a sobrinha da senhora de 66 anos estava querendo “os seus direitos”.
Pára (sim, faço questão de usar o acento diferencial!) aqui: Consultoria jurídica dada por escrivã do cartório de registro de imóveis?! Lembrei logo daquelas tirinhas da internet que diz: Você não está fazendo isso certo!
Primeira observação que tenho a fazer é: como o direito está distante dos mais pobres! Provavelmente, esta senhora de 66 anos imagina que a ‘dona do cartório’ sabe e pode resolver todos os problemas relacionados ao Direito.
Quando me deparo com situações assim fico imaginando o que deve acontecer com essas pessoas quando ‘caem’ nas mãos de pessoas mal intencionadas.
Pois bem. Após relato o fato, a escrivã, por sua vez, deu sua ‘consultoria jurídica’ a pobre senhora de 66 anos de idade. Querem saber qual foi o conselho (sim, foi um conselho e não uma consultoria)? Lá vai:
Escrivã: - Por que a senhora ou sua sobrinha não casa com este velho?
Senhora de 66 anos de idade: - Não! Eu não gosto dele e nem quero dividir mais meu travesseiro com ninguém!
Escrivã: Mas, a senhora não precisa “furunfufar” até porque ele não faz mais nada. É só pra receber a pensão mesmo!
Meu Paaaaaaaaaaaaaaaaaaaai! Gente! PÁRA O TUDO! PÁRA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!
Primeiro: O que custava a escrivã, que é anos-luz mais esclarecida do que a senhora de 66 anos ter dito: “Olhe, procure um advogado. Caso a senhora não tenha condições de pagar um, procure a defensoria pública. Lá, eles irão lhe dar uma orientação.”?
Isso seria apenas uma questão de cidadania e solidariedade. Estaria mostrando a alguém mais necessitado o lugar correto para buscar seus direitos naquela situação específica.
O pior de tudo foi dar este terrível conselho! Gente, isso não de faz! Expôs a pobre senhora ao vexame, pois todos que estavam no cartório riram e ela saiu de lá sem uma resposta correta e ainda mais envergonhada, humilhada.
Confesso: me senti a pior das pessoas! Por quê?! Porque eu não fiz nada! Assisti a cena como se aquilo fosse normal. Não! Não era normal! Eu deveria ter oferecido ajuda, ou pelo menos criticado. Mas, não! Calada estava, calada fiquei! Não sei se por ainda ser uma jovem advogada ou se foi porque a apatia pós-moderna já atingiu meu coração.
No escritório, parei e refleti: É! Eu falhei por omissão!
Não sei se é a melhor atitude a se tomar, só sei que decidi não mais agir assim. Se isto vai me fazer ser uma advogada melhor? Não, provavelmente não. Infelizmente o conceito de ser o melhor advogado está muito longe dos meus padrões morais e éticos. Contudo, com certeza me fará ser uma pessoa melhor.
lemos sim, xD
ResponderExcluirParabéns minha querida Dannyele pelo excelente texto, uma grande lição para todos nós, pena que a narrativa deste, foi de um fato real, mesmo assim serviu para que possamos refletir bastante sobre o nosso lado humanitário, espiritual, solidário e principalmente profissional, lições como estas nos ajuda a crescer. Sou um assíduo leitor do seu blog, ja estava triste por não ter visto voce atualiza-lo,aprendo muito por aqui.
ResponderExcluirUm forte abraço, fé sempre e sou seu fã!
JCCM
Obrigada, pessoas!
ResponderExcluirCaramba, estou chocada como ainda tem gente como essa escrivã com a mente tão pequena. Ouço esses comentários (ou planos) de pessoas menos esclarecidas em rodinhas de conversa e já acho o fim, imagine de uma pessoa que por profissão atende ao público em geral
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